UTILIZAÇÃO DA CANÁBIS PARA FINS MEDICINAIS

O médico recomendará ao doente a melhor dose inicial para o produto de canábis para fins medicinais receitado. Esta pode variar em função dos sintomas a tratar, do tipo de produto, da experiência anterior do doente com canabinoides e da sua condição médica concreta.

Geralmente, uma dose diária inicial por via oral com um produto que contenha THC deve ser iniciada à noite com entre 1,25 mg e 2,5 mg de THC. ¹ Para os doentes que necessitem de canábis para fins medicinais por via inalatória, existe uma maior variabilidade com base na concentração ou no tipo de inalação, embora um ponto de partida geral possa ser entre 25 mg e 125 mg de flor seca para inalação.^2,3 O médico irá indicar ao doente o que é mais favorável à sua condição médica concreta.

O doente pode administrar a canábis para fins medicinais por via oral em segurança com o estômago vazio ou cheio. No entanto, a quantidade de comida que o doente tenha ingerido recentemente pode influenciar a quantidade de canabinoides que é absorvida. ⁴ Geralmente, recomenda-se a administração do produto de canábis para fins medicinais sempre nas mesmas condições, de modo a manter uma absorção estável dos canabinoides. Cabe ao médico recomendar ao doente o que é mais adequado à sua condição concreta e de acordo com as instruções de cada produto.

Não. Fumar não está recomendado.^1,3 Existem diversas formas de inalar ou ingerir canábis para fins medicinais. Por exemplo, em alternativa, a canábis para fins medicinais pode ser inalada com recurso a um vaporizador. Utilizar um vaporizador não só é mais seguro, uma vez que o doente não irá inalar um produto que resulta da combustão da flor seca, mas também é mais preciso do ponto de vista da dosagem.

O doente deve utilizar um vaporizador. ^{3 ,4} Os passos podem variar dependendo do modelo do vaporizador, contudo, deverão sempre incluir:

Um vaporizador é um dispositivo que aquece a canábis para fins medicinais sob a forma de flores secas. Utiliza uma temperatura mais baixa do que os métodos de combustão (por exemplo cigarro), portanto, um vaporizador permite aos doentes inalar canábis sob a forma de vapor, em vez de fumo. A inalação permite que os canabinoides existentes na planta sejam volatilizados através do calor, entrem na corrente sanguínea e cheguem ao cérebro mais rapidamente por via da inalação, proporcionando um alívio mais rápido dos sintomas. Além disso, a vaporização evita a combustão e reduz a presença de substâncias “irritantes” potencialmente nocivas que podem existir no fumo da canábis.

Cabe ao seu médico tomar essa decisão. Geralmente, a canábis para fins medicinais destinada à administração por via inalatória atua mais rapidamente e a sua ação dura menos tempo, pelo que é mais adequada em casos em que se pretende um alívio mais rápido dos sintomas. Em contraste, a canábis para fins medicinais destinada à utilização por via oral demora normalmente mais tempo a fazer efeito, mas este dura mais tempo, pelo que é mais adequada em condições crónicas. Será o médico a decidir que tipo de produto de canábis para fins medicinais é adequado para a condição médica de cada doente.

Sim, existe a possibilidade de interação medicamentosa. Os doentes devem perguntar sempre ao seu médico ou farmacêutico sobre as potenciais interações com a medicação que estão a fazer.

O doente deve colocar esta questão ao seu médico.

A canábis para fins medicinais oferece alguns dos benefícios terapêuticos associados aos opioides, contudo, só é recomendada como terapia adjuvante. Por conseguinte, o doente não deve deixar de tomar a sua medicação atual, a menos que o seu médico o aconselhe a fazê-lo. O doente deve colocar esta questão ao seu médico.

A canábis está autorizada para uso medicinal em alguns países, mas não em todos. No entanto, cada país pode ter regras ou limitações diferentes relativamente à quantidade, ao tipo e à concentração de canábis para fins medicinais que consideram legais. Para transportar canábis para fins medicinais para outro país, o doente poderá ter de preencher alguma documentação obrigatória, antes da viagem.

Os doentes devem sempre contactar a embaixada do país que gostariam de visitar a fim de obter informações sobre como viajar legalmente na posse de canábis para fins medicinais. Se viajarem de avião, os doentes também devem contactar a companhia aérea para compreenderem a sua política relativamente ao transporte de canábis para fins medicinais, e devem ter em atenção também as regras de países onde possam fazer escalas.

Se um doente inalar ou ingerir canábis para fins medicinais, não há garantia de que não acuse num teste para a deteção de consumo de drogas. Se tiver THC no organismo, há a possibilidade de testar positivo num teste desta natureza. Os doentes devem informar-se sobre os pormenores do teste para a deteção de consumo de drogas e saber se o uso medicinal de canábis é permitido. O doente deve sempre preservar a documentação que comprove o uso medicinal da substância, tal como, prescrição e relatório médico.

Caso um familiar do doente tenha algum dilema com a administração de terapêuticas à base da canábis para fins medicinais, é importante manter um diálogo aberto. É provável que os doentes estejam mais bem informados sobre a canábis para fins medicinais e precisem de ajudar a elucidar os seus familiares. Os doentes devem tentar explicar calmamente quais os respetivos benefícios para a sua condição médica e os motivos pelos quais tomaram a decisão em conjunto com o seu médico. Ao mesmo tempo, devem ouvir as preocupações dos seus familiares e falar abertamente sobre as mesmas.

Se o seu familiar idoso for elegível para a utilização de canábis para fins medicinais e já tem em sua posse uma prescrição, mas está preocupado com as questões médicas, deve explicar que a canábis para fins medicinais já foi aprovada legalmente em Portugal. ^6,7 Se o seu familiar tiver uma condição médica elegível que possa ser tratada com canábis para fins medicinais, também pode ajudar consultar informações de sociedades médicas ou organizações de doentes aplicáveis, sobretudo se conseguir demonstrar como os seus sintomas mais preocupantes podem ser atenuados. Por último, marcar uma consulta com o médico do seu familiar também pode ajudar a dissipar as suas inquietações.